sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Parentalidade não sei quê ou como criar um neurótico

 Uma das coisas que sempre me deixou estupefacta - e um bocadinho invejosa, confesso - é o alto nível de auto-estima que tanta gente consegue ter. Não estou a falar de auto-confiança, é mesmo auto-estima. Aquilo de uma pessoa olhar para as suas pequenas e grandes obras e dizer-se "sim senhora, está aqui uma coisa mesmo bem feita". E isto sem notar que, se calhar, está ali uma coisinha que precisava de ser mais trabalhada, um cantinho com uns ciscos por apanhar, uma aresta que precisava de mais polimento. Não; estas pessoas dão a empreitada por terminada, e perfeitamente acabada, em pontos em que eu, por exemplo, ainda estaria a ponderar desmachar e voltar tudo ao início, porque está uma valente borrada, e nem morta apresento isto como o resultado final. 

A certeza que eu tenho é que estas pessoas não tiveram pais uma educação tão crítica como a que me calhou. Mamãe, para dar o exemplo mais extremo desta corrente, não acreditava em mentir à prole para fazer a prole sentir-se bem. Sim senhora, o desenho está bom para idade e desenvolvimento que tens, mas o sol não tem olhos nem boca, o céu não é uma tira azul, essa senhora não é muito parecida comigo, pronto, é imaginação, está bem, mas podes fazer melhor. Adapte-se a redacções, trabalhos de casa em geral e especial de matemática, modelagem em barro, lides domésticas e, ainda que fosse muito nova para me lembrar, aposto que algo semelhante terá sucedido quando comecei a ir ao bacio "muito bem, a menina já não faz na fralda, mas também já não era sem tempo".

Nada, mas mesmo nadinha, correspondia aos altos padrões de mamãe. Nunca vi uma lágrima comovida com um sucesso (qual sucesso?, podias fazer melhor, recorde-se) dos filhos; nunca assisti a uma ovação de pé; e mesmo perante graçolas mesmo engraçadas que a faziam rir, logo travava a fundo para me retrucar que eu tinha uma graça relativa / se calhar estava ali a roçar o insolente / tinha um humor retorcido que nem toda a gente apreciava, vê lá isso que cá em casa é cá em casa, mas lá fora. Eu a pedir livros do Asterix e ela a responder que era muito infantil e lê antes Tintin; pedia mais Tintin / Os Cinco / etc., e já tinha muitos e se calhar avançava para qualquer coisinha mais sofisticada. Eu a querer mais Sandokan, Três Mosqueteiros, e ela a indicar-me clássicos que tinha lido na minha idade (juro, que infância infeliz deve ter tido, concluí eu depois de ter acedido à Morgadinha dos Canaviais e ter tido uma embolia). Nem a jogar cartas, ou jogos de tabuleiro, nunca mãezinha querida perdeu de propósito para nos incentivar ou alegrar. Aquilo era assunto sério, se queríamos ganhar tínhamos de nos esforçar e fazer melhor.

Se este estilo tem algumas vantagens? Tem. Sou extremamente exigente com tudo o que faço ( menos na lide doméstica, porque preguiçosa), vejo os mínimos defeitos, raramente considero qualquer resultado do meu trabalho ou hobby descomprometido algo digno de ser mostrado.

Se tem desvantagens? Também. Sou extremamente exigente com tudo o que faço - a um nível de ansiedade extrema; vejo os mínimos defeitos - a um nível obsessão; raramente considero qualquer resultado do meu trabalho ou hobby descomprometido algo digno de ser mostrado - ao nível de raramente algo que faça seja motivo de orgulho e muito menos bazófia. 

Em suma, padeço de ansiedade e tensão perante, durante e depois de qualquer empreitada; sou muito miudinha no preparar e fazer para garantir que fica mesmo bem feitinho (nunca fica), tenho um camadão de síndorme de impostor que dava para embalar à dose e comercializar.  

Hoje em dia - dizem - já não se educa assim. É a cena da parentalidade positiva, que me dá um bocado de inveja. Admito. Tudo se aplaude, tudo se recompensa, yay, conseguiste. Tem vantagens do ponto de vista emocional, que tem. Invejo isso, imenso. Mas depois, bom, depois... já vi o resultado disto ao vivo e a cores e caramba. Ok, parecer que a minha mãe tinha a expectativa que eu pintasse como o Pablito o fazia com a mesma idade (ele era filho de um professor de arte!, ia às aulas do pai, para adultos!) é um disparate, mas às vezes vejo gente a exibir cenas que produziu / faz que valha-me. Tipo, falta aí uma pitada de sentido crítico, hein. Não, não danças como a Fontayn, não és um Picasso ou um Renoir; essa escrita não está ao nível de um Pessoa; ainda tinhas de comer muita sopa para chegar aos calcanhares do Laurence Olivier; para Callas falta-te um Everest assim. Mais prosaicamente, esse trabalho está uma vergonha, é rascunho, só pode ser rascunho e, ainda assim, olha, rasga e começa de novo.

Era de apostar num meio termo, digo eu. Um que não condenasse as pessoas a ter os nervos cronicamente em frangalhos; mas também não resultasse numa moderada impavidez, displicência, mesmo, quando dois filhos pré-adolescentes passam de ano com média de três, e... negativas. Esforçaram-se, dizem. Têm de se esforçar mais para o ano, dizem, num tom que pretende ser - não é - severo. Não, não se esforçaram. Pior: não querem saber. Se fossem electricistas, aquilo era curto circuito certo, pegavam fogo ao prédio, podiam morrer pessoas. Vão lá à unidade de queimados dizer que se esforçaram, vão. Perdoem a minha bota-de-elasticisse, mas entre o constante picar de flancos e o permanente afago do ego haverá um equilíbrio. Se bem que, no caso dos sumos calões dos meus sobrinhos, quando ouvi contar, tive tanta, tanta vontadinha de lhes assestar a planta do pé nos reais traseiros. E aposto que não se estragavam por isso.

(os filhos que eu não tive têm tanta, tanta sorte de não existir. deviam dar-me imensas e belíssimas prendas no dia da mãe. sociedade mais ingrata.) 

 

21 comentários:

  1. Eu tive uma educação assim com laivos da tua, mas acabei no mesmo sítio que tu, à conta de uma personalidade também dada a reparar em todo o pormenor. Com muita terapia à mistura tenho vindo a trabalhar as desvantagens, porque é receita certa para uma vidinha de infelicidade (para lá caminhava, daí a terapia).
    Para mim, a maior diferença é no objectivo da atividade. Se é coisa de trabalho (ou escola, no caso da progenia) é para levar a sério. Se for hobby, não é para pensar no produto final e tento reparar e encorajar mais o processo do que o resultado final. Se a cria gosta de pintar, que pinte e se divirta a fazê-lo. Se eu tricotar um cachecol todo torto, mas deu para descomprimir ao fim dos vários dias que levou a completar, tenho orgulho disso...
    O perfecionismo é muito bom e muito mau, o difícil é saber quando o aplicar e quando o ignorar.

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    1. Inês, a meus braços, a terapia também me tem ajudado muito. Ainda assim a ansiedade está cá para o resto da vida.
      No resto, concordo totalmente: não pressionar, não chatear os putos quando estão a fazer uma actividade de lazer ou que permita maior criatividade. No caso da minha sobrinha (que tem o gene de se preocupar demasiado com tudo e ser perfeccionista, não sei a quem foi sair, apesar de ser menos ansiosa e ter a vantagem de ser muito focada e trabalhadora) a loucura era convencê-la que não ter muito jeito para desenho ou para desporto não a devia desmotivar/angustiar, que fizesse o melhor que pudesse e se divertisse. A resposta dela era sempre um olhar de "não percebes nada" :D

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  2. ah, os clássicos «podia ser melhor» ou «não fizeste mais do que tua obrigação»!
    Por isso é que quando faço comida (ou o que for, pensando bem) para outras pessoas acho sempre que fica uma merda :D
    (nem me fales em sobrinhos e desculpas para isto e para aquilo: com explicações a gosto, com todas as oportunidades que, olha, eu no fundo também gostaria de ter tido... A verdade também é essa, é capaz de ser inveja da minha parte, sei lá. No fundo, tenho pena que desperdicem aptidões e essas tais oportunidades que lhes foram dadas, algumas com sacrifício até. Enfim, ser pai/mãe nunca foi fácil, mas olha que nos tempos que correm, deve ser coisa para tirar muito o sono)

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    1. Wallis, a cozinhar também sou assim, mas acho que tenho uma noção muito real da minha habilidade para a culinária :D
      Pá, os putos. Os putos. Já disse à minha mãe que não percebo porque andam em colégios ditos xpto, na pública não teriam um acompanhamento pior, juro. O problema é não se interessarem, faz-me imensa confusão.

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  3. A tua mãe andou na mesma escola dos meus.

    Queres síndrome do impostor para a troca?
    Quero muito ter filhos mas tenho imenso medo de não fazer um equilíbrio.

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    1. Espiral, obrigada, mas estou fornecida para a vida toda e ainda vou deixar em testamento :D
      Isso de ter medo de repetir erros com os filhos, bom, acho que é um medo normal e legítimo. Mas ter consciência desse receio já é meio caminho andado. Criar um ser humano é das coisas mais difíceis que há, e as únicas certezas são que vais cometer erros mas também fazer o melhor que podes e sabes.

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  4. Nem tanto ao mar nem tanto à terra, como diz o meu progenitor alentejano pródigo em ditados para todas as ocasiões.

    O único problema que eu vejo em analisar estilos de parentalidade, é analisar estilos de parentalidade.
    As relações familiares não são estanques, há muitas nuances, circunstâncias de vida, pandora boxes enterradas. Contexto. Histórico, social, familiar...
    O mais incrível é que todos nós fazemos parte de um relacionamento pais/filho (sim, mesmo quem 'não tem' pai ou mãe ou ambos, tem-nos na mesma, emocionalmente), mas tendemos a olhar sempre com os olhos de fora. O olhar de fora consegue objectivar, categorizar, arrumar em caixas, este pai é deste estilo, esta mãe é daquelo estilo.
    O olhar de fora vem tanto de nós próprios como o 'não-olhar', a ausência que apelidamos de negligência ou falta de padrões mínimos de exigência.
    Cada um faz o que pode e sabe, que também lhe foi ensinado ou interiorizou pelas suas próprias circunstâncias.

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    1. a.i., caramba, eu nem tenho competência para analisar estilos de parentalidade. Repito o que já disse ali em cima: criar e educar um ser humano é uma das coisas mais difíceis de sempre (sim, pior que passar dois dias sem tocar em chocolate). Também acho que na grande maioria dos casos as pessoas fazem o melhor que sabem com os meios que têm. Mas há pessoas que têm apriorismos muito enraizados, e nem dando de caras com um resultado indesejado ou inadequado mudam as suas estratégias. E isso faz-me confusão. Não se enfia conhecimento à pancada, mas o deixar andar com um ralhete sem consequências, caneco. Os putos passaram as férias a fazer só o que lhes apetecia (literalmente, antes de se planear qq coisa é perguntado se querem ir / fazer, sendo a resposta vinculativa), e nem umas fichas, nem umas horitas de estudo, nada. Em três meses não lhes causaria dano passar umas horitas em quinze dias a rever matérias ou estudar.

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    2. Pois imagino... Isto da pandemia foram uns meses sabáticos valentes, umas férias no fundo. Os meus q ainda so estão no infantário, a principio ainda acompanhavam os esforços das educadoras para continuar os 'minimos' de conteúdo lectivo, mas com o acumular de multi-tasking parental, às tantas nem nós nem eles tínhamos pachorra para nada. Valeu-nos a bênção do quintal e a praia da casa dos avós.

      Sobre os estilos, olha, coincidência ou não, li por acaso no fds um artigo da psichoogy today que tem o seu quê de interesse, mas.... É o que eu disse, demasiada análise, demasiada categorização que me leva a desconfiar da real verosimilhança com a prática no terreno.

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  5. Na escola em que pus o meu filho lia-se, à entrada logo para não enganar ninguém, "Escola difícil, vida fácil". Tiraram a frase há um ou dois anos, parece que hoje em dia não agrada. Fiquei triste, a mim agradava-me muito. Especialmente em relação às escolas, aquela teoria de deixar os meninos fazerem o que querem, à sua vontade, ao seu ritmo, quando demonstram interesse, se acho uma bandalheira para ser seguido numa família, numa escola acho uma alarvidade. Deve haver um caminho intermédio entre o trauma permanente e a permanente salva de palmas, é o que se almeja cá por casa, mas é difícil dosear, tão difícil!

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    1. Goldfish, é muito difícil dosear, que é. Não sei de experiência, mas imagino. Agora a escola é o trabalho deles, é uma obrigação cumprir os mínimos. A vida é assim mesmo, não é fazer o que se apetece quando apetece, e preparar para a adversidade, para as obrigações e deveres é educar.

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    2. Essa frase era muito boa!
      Ainda assim, acho que tb há um bocado de preconceito contra estes movimentos de auto avaliação dos miúdos ou lá o que é (ou não haver trabalhos de casa)
      No Pré-Escolar dos meus, por exemplo nos 3 anos, ha uma coisa q eles chamam pedagogia de participação, que mais não é q de manhã fazerem uma mesa redonda em que todos participam para planificar o dia. Não me choca mas claro que penso, ya, os putos de 3 anos só não dizem q querem ver bonecos o dia todo porque na escola não há televisão 😅.

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    3. Era mesmo boa, sim! Quanto à escola tipo moderna (é mesmo uma corrente, existindo vários estilos) sim, admito, tenho preconceito, já trabalhei em várias e confesso que não é a minha praia. Sim, há aspectos interessantes na teoria (por ex., as ditas reuniões para decidir o trabalho do dia, a cooperação entre alunos, o estimular o trabalho de investigação ao invés de apresentar a papinha toda feita, entre outras coisas) mas o que já vi aplicado é de uma ortodoxia estúpida com ocasionais buracos negros. Dou dois exemplos: há escolas em que nunca há trabalhos (e não falo dos de casa), há desafios, aprendizagens, treinos e se nos enganarmos e proferirmos a palavra proibida somos repreendidos pela direcção; num sítio onde falavam muito na felicidade em aprender e estar na escola na minha primeira aula (inglês) à sala dos 4 anos puseram-me três miúdos acabados de ser acordados da sesta que estavam a fazer porque tinham de ir para o inglês - choraram compulsivamente cerca de 10 minutos.

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  6. So deixar o tal artigo
    https://www.psychologytoday.com/us/blog/experimentations/202009/what-parenting-styles-set-kids-emotional-abuse

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    1. a.i., já li, é verdade o que dizes, demasiada categorização. Acho que não há ninguém que se enquadre num estilo único, a menos que seja um fundamentalista que tenha aderido a uma determinada corrente e faça um valente esforço para a seguir à risca. Caramba, as pessoas são pessoas, os miúdos não vêm com livros de instruções, em muitas coisas os pais vão adaptando estilos e fazendo o que resulta melhor.

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  7. Eu vinha cá deixar o "nem tanto ao mar nem tanto à terra", mas a a.i. já se adiantou :)

    Então venho só defender que parentalidade positiva é um péssimo nome porque dá mesmo a ideia de que é deixar os miúdos fazer o que querem, não lhes dizer não, não impôr limites, não refrear/penalizar comportamentos desajustados e vá, na verdade não é nada disso. Mas sim, que me digas que muitos pais permissivos que colocam os filhos em pedestais e não os preparam minimamente para as frustrações que vão viver ao longo da vida pensam que estão a aplicar "parentalidade positiva", lá isso é verdade. Que geracionalmente se notam mais crianças com dificuldades em conviver com o fracasso, a desilusão e o não cumprimento das expectativas (porque nunca os deixaram ver que na vida real isso ia acontecer), também.
    Houve aqui um gap geracional em que passámos do 8 ao 80, do autoritarismo à total permissividade. Pelo menos daqueles problemáticos que vão parar a consultas ou Tribunais. E o pior nem é haver uma prática mais ou menos desajustada, que isso de facto os pais não nascem com livro de instruções e vão fazendo o melhor que sabem e conseguem (não todos, vá, não todos, não sejamos crentes...) com base também naquilo que aprenderam e naquilo que são; o pior é mesmo a falta de autocrítica, é veres a situação a descambar e a total falta de noção e o olhar para fora antes de olhar para dentro. E isso vai sendo presente e preocupante. Mas enquanto se tiver presente a importância do equilíbrio e se for capaz de olhar para dentro já é meio caminho andado para fazer bem e tentar fazer melhor. Com mais pata na poça ou menos pata na poça pelo caminho, que também faz parte.

    (educar um filho é das tarefas mais difíceis da vida, Jesus. Coragem e respeito a quem tem a missão de formar pequenos seres para o mundo <3 )

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    1. Red, ui, tanto suminho no teu comentário. Quando me referia à parentalidade positiva era a esses exageros de nunca dizer não (ai, que traumatiza a criancinha), e achar que autoridade é um palavrão. Autoritarismo sim, é feio e mau para qualquer pessoa em qualquer idade, mas autoridade exercida de uma forma esclarecida, com diálogo, e associada a um reforço positivo, acho que tem bons resultados (intervalo cómico: uso muito o reforço positivo com os gatos, tem resultado, com o Max nem tanto porque é um monstro, mas agora, a longo termo, já se vê boas melhorias de comportamento. bater ou gritar aos bichos resulta tanto como com crianças. e os bichos nem sequer percebem o que a gente lhes diz. de qq forma, ao Max ralhávamos sempre com o mesmo tom de voz e mesmas palavras, e no resto tentámos moldar o comportamento com persistência, consistência, e muita paciência.)
      Acho que o ponto elementar e essencial é o amor incondicional, não ter medo de dar mimo e carinho, mas também repreender e contrariar - sem gritos, sem raiva - quando seja necesário.
      DE facto entre a educação da minha geração e dos meus sobrinhos houve uma clivagem muito grande, passou-se do 8 para o 80, e olha que havia dias que me perguntava se não estavam ali dois meninos Nelito em potência. O meu irmão e cunhada faziam coisas que me deixavam a bufar (disfarçadamente, um gajo não critica enm mete o bedelho, não pode), como menino não janta porque (diz que) não tem fome, não faz mal, come bolachinhas e leite antes de ir para a cama; no Natal dava-se tudo o que meninos pediam; desculpabiliza-se comportamentos de meninos à frente dos próprios; elogia-se falsas qualidades de meninos à frente dos próprios (o último destes elogios quase me deixou à bera de um ataque de riso, parecia que estava a elogiar uma pessoa diferente, não era o filho dela de certeza).
      Enfim, a mais velha saiu bem, apesar de ter tido uns momentos na pré-adolescência em que ameaçou tornar-se uma caprichosa de merda muito irritante, mas pronto, logo se verá. Cá está a tia maluca e chata para lhes dizer que não, não vou comprar a colecção toda do Batman em BD que é caro, vai aos poucos nos anos e Natal, e não, não levas esses filmes todos que isto não é a santa casa.

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    2. (aaaah também treino gestão de comportamento com o gatoooo que sim, tem reacções de criança. é assustador o quanto. e amuar? o gato a-mu-a quando se ralha com ele. amua. prende o burro. céus.)

      e oh, sempre ouvi dizer que it takes a village to raise a child. titi Izzie é o serviço público essencial na village dos seus sobrinhos <3

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    3. Red, gato que não amua não é gato, pah :D Lá em casa todos amuam, uns são mais explícitos que outros: as meninas são muito vocais, os meninos fazem cara de quem não nos conhece... ;)

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  8. Oh Izzinha, tenho tanta pena. A tua mãe é uma insatisfeita por natureza, copo meio vazio, tanta tanta pena nas repercussões que isso faz nos filhos. Mal por mal, os positivos podem criar caloes, mas ao menos são pessoas mais felizes, parece-me - a minha sobrinha é dessas. Não sei como vão sair os meus filhos. É tão mas tão difícil educar e saber que cada reaccao nossa a uma accao deles irá determinar o tipo de personalidade e pessoa que serão.

    É dar o melhor de mim e benzer.

    AEnima, com um sentimento de culpa horroroso porque caí em casa à grande com o meu bebé de 8 meses que voou do meu colo e bateu de cara e cabeça no chão... ambulância e tal, o moço está bem, com a cara e parte da cabeça pisada mas não parece tem concussão. Eu estou com um pulso e as costas esfrangalhadas e o meu coração pequenino que só choro.

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    1. Ai, Aenima, que susto, credo! Eu sei que é fácil falar, mas não te culpabilizes, é um daqueles acidentes estúpidos que pode acontecer a qualquer pessoa, até à mais cuidadosa! As melhoras para ti e para o pequenno <3 Abracinho forte <3

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