quarta-feira, 25 de setembro de 2024

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(oh pah, teijam calados, calores tropicais nunca foi a minha cena, e com Graves / hipertiróidismo é pura tortura)

quinta-feira, 19 de setembro de 2024

Problemas de simetria

Tenho imensos, perturba-me horrores, e ocupa-me demasiado tempo e espaço cerebral. 

Uns exemplos:

Não consigo viver com padrões que se repitam muitas vezes, ou dou por mim obcecada em "partir" o padrão, isto é, perceber onde começa e acaba a repetição, como que a imaginar a prancha de impressão. Acontece-me com roupa de cama, papel de parede, azulejos e revestimentos em geral, que tenham um padrão, principalmente geométrico. Se o padrão for muito grande em relação à peça (por exemplo, uma manta), e seja percetível logo num olhar, tudo bem. Se for uma peça grande com um padrão muito miúdo, consigo ignorar. Lençóis com flores pequeninas ou quadradinhos / riscas finas ou de igual espessura, ok. Papel de parede com flores pequeninas: péssimo, vou ficar a olhar com ar perdido à procura das "costuras". Papel de parede, com franqueza, qualquer padrão dá comigo em doida, porque vou estar, inconscientemente, a ver se o padrão está alinhado nas junções (para além de identificar as repetições). Faço o mesmo na roupa, fico à beira da loucura quando o padrão não "casa" nas costuras, donde, não compro casacos ou calças de padrão, blusas consigo porque estão demasiado perto / junto ao corpo para me perder a olhar. Se for um tapete, tolero. Adoro motivos persa ou afegão, por exemplo, e a assimetria do tingimento do material no kilim. Esquisita, esta excepção, eu sei. Mas padrão a dar ideia de abstracto: ai. E se detecto um problema de simetria, pronto, chamem a ambulância e vistam-me a camisa de forças. As juntas doa azulejos lá de casa já estiveram mais longe de me enviar para o asilo. Mas sou forte, hei-de superar esta provação. Mas quando se fala de medidas mal tiradas, pah. Xanax. E lembrei-me disto porque ando a adiar tirar as medidas a uma cena lá em casa, que tenho a certeza que o tipo que me pintou o quarto e instalou as guarnições de madeira novas (as antigas tiveram de ser substituídas) deixou uma diferença de um, dois centímetros entre os dois lados. Juro que o alinhamento daquelas bandeiras de janela me andava a perturbar, e não conseguia perceber porquê, foram meses a tentar ignorar a sensação de desconforto, até que aqui há dias aconteceu: fiquei parada à porta de olhar perdido, e zás, o c@br@o colou aquela mais alto que esta aqui, phod@-se, que c@r@lho, agora vai ser bonito para instalar os varões de cortinado (que ainda não me tinha decidido a comprar, e ainda bem).

Estou à beira de um esgotamento. Rectificar aquilo vai dar uma trabalheira, a dois metros e setenta de altura, e tenho vertigens. Maldita seja a minha vida.

terça-feira, 17 de setembro de 2024

É tudo treta (ou "bem vindos à minha ted talk")

Não tens de ser, nem sequer estar feliz. O ser feliz, aliás, é uma mentira giga-mega-ultra: uma pessoa não é um sentimento. Uma pessoa tem sentimentos, ocasionalmente, fugazmente. Ninguém é feliz. Quem diz que é feliz ou te está a pregar uma valente peta, a fazer-te sentir, desnecessariamente, menos que, inferior, inadequado; ou te quer sacar algo. Liberta-te, dá-te licença para existir sem a grilheta do ter de ser [alguma coisa].

Dito isto: 

Motivação é treta. Pior: desnecessária. Não precisas de motivação para fazer seja o que for, faz e pronto. Porquê? Porque sim, porque tem de ser. Não precisamos de motivação para comer, dormir, acordar, lavar os dentes, tomar banho. Fazemos porque sim, tem que ser. Porque a alternativa é pior. 

Exemplo, há três meses que vou regularmente ao ginásio. Estou toda motivada? Não. Pelo contrário, acho uma merda, é um sacrifício, preferia ficar a fazer seja o que for, até ver tinta a secar, do que ir ao ginásio. Mas vou. Porque tem que ser, derivado das prostitutas das minhas costas, que já não doem há - também - três meses. 

Ah, então estás motivada pelo resultado. Nope. Piretes para o resultado. O facto de estar a resultar só reforça que tenho de continuar a ir (o horror) e, se quero manter os discos no sítio, provavelmente aumentar a frequência (o medo). Isto é péssimo. Muito desmotivador, sinceramente. Porque eu queria era fazer o que me apetece, que é tudo e mais um par de botas, e não isto, o que tem que ser. Se vamos a esmiuçar conceitos, eu estou motivada é para o ócio e diversas actividades conexas, porque me é natural. Puxar ferro num sítio aromatizado por peúgos transpirados, não. Mas vou. Como vim hoje (e ontem e a semana passada, lágrimas de sangue) trabalhar. Tem que ser. Sem trabalhinho não há dinheirinho, e o supermercado não se paga com palavrinhas de arrimo. É necessário à sobrevivência, ou a um certo padrão de sobrevivência. E um gajo faz, que remédio. Porque se não faz, consequência. 

Ah, mas uma pessoa deve lutar por fazer aquilo de que gosta / para o que está motivado / a faz feliz. Ahahahahahahahahahahahah. Boa. Força aí, nesse conceito de vida. Vamos a pensar retrospectivamente: desde quando é que a humanidade abraçou essa coisa de fazer o que nos faz felizes? Umas dezenas de anos? E que franja (curtíssima) da população humana é que, desde tempos imemoriais, pode fazer só ou principalmente o que gosta? Ou ganhar a vida a fazer o que gosta? Mais, tendo tempo livre para (prosseguir seriamente) o que lhe dá prazer? Quem vos vende esta tretona está a enganar-vos. Triste e lucrativamente. É o princípio da lotaria (ou da meritocracia, mas isso é outra conversa): convencer-nos que (todos!) podemos ser aquela pessoa sortuda que, de um momento para o outro, vê a sorte bafejá-lo e fica milionária. 

Ou então, estão a tentar convencer-nos de outra coisa bem mais maquiavélica: que a felicidade é possível, basta encarar a vida, o trabalho, as dificuldades, com determinação, ter a força de vencer obstáculos e, se estivermos verdadeiramente motivados, lotaria!!!!, só depende da nossa vontade!!! Ahém: não acontece. Ou só a poucos, vá. Dificilmente (nos) vai acontecer. E não será por falta de vontade ou empenho, o mundo está a transbordar de gente esforçadíssima que não passa da cêpa torta.

Notinha final: não faz mal. Não faz mal que às vezes não apeteça, que nos sintamos no lodo, uns falhados, uns tristes. O mundo, a vida, não nos deve motivação. Não nos deve nada, na verdade. Nascemos nus e indefesos, sem controlo nos esfíncteres, mas hei, melhora. Podemos ser melhorzinhos uns para os outros, já ajuda. Não estarmos sempre focados na nossa motivação!, sucesso!, liberta algum tempo e foco! para olhar para o lado. E até aproveitar melhor os momentos que nos dão alegria. Já lá dizia o almada, a alegria é a coisa mais séria da vida, tenho um crachá com isto impresso, e juro por esta máxima.  E, a alegria, não é treta, existe. Sabemos que é passageira, é aproveitar e espremê-la enquanto a temos. Já a felicidade, bom, boa sorte e tudo de bom. Mas tirando alguém a curtir uma valente trip de substâncias, não me lembro de ver alguém em verdadeiro estado de felicidade duradoura.

quarta-feira, 4 de setembro de 2024