Rendi-me à evidência e comprei óculos de ver ao perto. É só uma dioptria mas incomoda muito, e avacalhou completamente os meus hábitos de leitura. Nem falando na eventual e necessária costura, ou o crochet e tricot, que estão em pausa. Ainda não me conformei, é das poucas inevitabilidades da idade que me custa.
Li algures que cada português consome anualmente, em média, dois quilos de chocolate. Fiz contas por alto e deu-me uma pena imensa dos outros portugueses que não sabem o que andam a perder.
Continuo a receber e a comprar mais livros que os que consigo ler, e isso angustia-me muito.
Já não tenho paciência para lojas e compras.
Levei uma estocada que não me matou mas moeu muito, vinda de quem nunca o esperaria. A pessoa foi à vida dela, eu também, e um bocadinho mais triste por ver a minha misantropia confirmada, embora espere sempre que a realidade ma desminta.
De qualquer forma, tenho mais sorte que juízo nas pessoas que me calharam como companheiros de estrada no trabalho.
Ainda me surpreendo e comovo muito quando calha alguém me manifestar carinho e me verbalizar consideração - e acho sempre que estão a exagerar.
Persistem o peso e as sequelas de um grande choque e uma monumental decisão, que não me arrependo de ter tomado.
Acredito que o amor salva e muda, ao menos o nosso mundo, ou a forma como o vemos e entendemos. E isso já é tanto.
Continuo a recusar ceder à facilidade do ódio, a sucumbir à ignorância das avaliações superficiais e fáceis: se acho algo errado, antes da pura rejeição informo-me e educo-me. Muitas vezes é doloroso abrir a mente a realidades que nos são estranhas, por implicar o reconhecimento de que estávamos errados, mas é muito libertador.
Adoptamos três gatos, e ainda não nos arrependemos - apesar de não passar um dia em que não me apeteça estrangular o mai'novo. Eles dão e ensinam muito mais do que vale o abrigo e paparoca que proporcionamos.
Insisto em reciclar furiosamente, e mordo a língua cada vez que pessoas, muitas vezes com filhos que vão herdar esta monumental lixeira, acham imeeeeensa piada a esta militância.
Ainda não foi este ano que aderi ou me filiei em algum partido, clube desportivo, congregação, movimento, religião, ou sequer um ginásio. Live free or die trying.
Vi muitos, muitos filmes, a maior parte dos quais bons ou excelentes - maldita seja a curiosidade, o tempo que perdi com o Batman vs. Superman já ninguém mo devolve. Nunca me apeteceu escrever sobre eles, embora ache eu muitas pessoas nesta blogolândia devessem ser obrigadas a assistir a alguns.
Arranjei coragem e prometi-me a assinar o Netflix - adeus mundo, não contem comigo para mais nada - além do trabalho, claro, porque
Ainda não ganhei o Euromilhões e acho mal, que tinha planos fantásticos para a guita, e nenhum deles passava pela aquisição de um bólide amarelo canário.
Tenho pena de ver e estar menos com algumas pessoas que estimo muito, e tenho medo de não lhos dizer directamente tanto quanto devia.
Sinto um vazio enorme na "minha" blogosfera, com a ausência de alguns espaços que sentia tão meus - a vida, essa grande cabra, levou as pessoas para melhores entreténs e outras paragens, onde também tenho a sorte de as acompanhar, mas esta nostalgia ficará sempre.
Continuo a alternar uma alimentação de sopas e saladas com os maiores enfardanços de calorias vazias, mas curiosamente parece que mantenho o mesmo tamanho - para alguma coisa servirá o stress.
Aboli o objecto balança, e vivo melhor - e menos obcecada - assim.
E continuo a achar que podia ser bem mais feliz a viver da jardinagem e bricolage, mas diz que paga muito mal.
(O ano que vem? Bom, a ver vamos, venha de lá isso.)