Paradote, sim, isto anda paradote. Agora escrevia aqui um post necessariamente sucinto a explicar que há muito trabalho e tal
(ó eu armada em esquerdalha diligente, naquela de derrubar preconceitos), e que a vida lá fora
(que evidentemente tenho!, claro!, dúvidas houvesse!) nãoseiquê, mas apesar de sim, também, a verdade é que nem por isso. Creio, aliás, que o factor "muito trabalho" nunca me demoveu de blogar, bem pelo contrário. Faz parte daquela idiossincrasia muito minha, i.e., lamento público + procrastinação. A verdade é que estou como a mula: empacada. E nem é por teimosia, é mais porque não me apetece andar, e não, não tem a ver com o facto de ter o pé direito lesionado com a mega-bolha
(nunca, mas nunca mais trazer sapatos novos em dia em que me transporte a pé+carris+metro). Foi assim que aconteceu: aqui há atrasado estava entretidíssima mas não divertidíssima com uma pilha de horrores para dar avio, pus-me a pensar em cenas a modos de descansar um bocadinho o cérebro do pavor burocrático, e veio-me à memória um filme para lá de espectacular que me apeteceu rever, e vai daí pus-me a viajar na maionese sobre o dito filme, fui cuscar no youtube e lá estava ele inteirinho, iiihhhhh, vou guardar esta cena para um dia destes, colei aqui numa folha em branco, e segui dando umas tecladelas sobre dito filme e a tal da maionese. Nem uma frase completei. Soou uma sirene na parte sensata da minha cabecita, a guinchar algo como "'Péééééra lá, isso vai dar merda." Ora, perguntaides vós, que merda poderia dar um post sobre A Place in the Sun? Boa questão. Ia dar merda. Ou não. Mas não me apeteceu arriscar. Não por medo, mas porque não me apeteceu. Não me apeteceu deparar com a eventualidade de ter de fechar, outra vez, comentários num post. Ou fazer um post explicativo. E, no entrementes, ter de levar com boas, adoráveis, fascinantes pessoas anónimas a dizer-me que a) sou parva; b) tenho a mania; c) quem sou eu para passar lições de moral. Porque isto tem vindo a ser assim, de quando em vez. Alguns dos posts que escrevo, com opiniões sobre cenas e tal, são, certamente, indubitavelmente, dirigidos a alguém. Eu não sei bem quem, mas são. Porque há alguém que acha que sim. E que eu estou, via post, a dar um responso a alguém. Ou alguéns. Não sei quens. E não tenho moral / direito / coluna / integridade / razão para o fazer. Pronto. Suspiros. Não é a questão do incómodo, de me virem chatear com parvalheiras que não me interessam
(e lixando logo o ambiente a quem venha comentar na boa - para isso existe a moderação de comentários), ou medo de comprar uma guerra
(para a qual sou recrutada sem saber onde é, contra quem, e porquê), ou haver gente-bicho que pelos vistos anda a monitorizar o que escrevo na esperança de
encontrar criar inventar polémica. Não é auto-censura. É só fartura. Muita fartura. E nem das boas, polvilhada a açúcar e canela. Não me apetece. Só isso. Ele há alturas da vida em que um gajo já tem sarna suficiente para se coçar, não precisa de se fazer isco para pulgas.
A ver se mudo isso.
[Don't try to push your luck, just get out of my way]