sábado, 18 de março de 2017

Sweet kitty o'mine

Atenuada a culpa, o desgosto, e enterrados todos os "ses" que me vinham atormentando (se tivesse sido mais atenta, se tivesse reconhecido os sinais, se tivesse agido mais cedo, se tivesse, se fizesse, se, se, se), finalmente concedi que era tempo de adoptar um/a novo felino/a lá para casa. Dois, talvez; sempre teriam companhia enquanto estamos fora. Conversámos e acertámos ponteiros, não que as nossas exigências e pré-requisitos sejam extensos, mas é preciso ser responsável e definir, a priori, qual a nossa disponibilidade e capacidade. Sim, preferimos meninas, mas se for um par pode ser um de cada. Sim, preferimos jovens, mas até três anos vale tudo, e não descartamos a possibilidade de nos embeiçarmos por um/a mais velho/a. Bebés é que não, que nem ficava descansada: qualquer bichito bebé precisa de um acompanhamento que não podemos dar, a gente ainda trabalha para comer. Cores, raças, é indiferente.

E iniciei a busca. Vivó feicebuque, ali encontra-se de tudo. Sendo que "tudo" é dar-me conta da triste realidade de dezenas, centenas de animais a aguardar adopção, principalmente cães. E daqui vai já um disclaimer e palavra de muito apreço por todas as pessoas que se dedicam a resgatar, tratar e mimar os bichos que ninguém quer. É preciso muita dedicação, altruísmo e amor. Mas depois há a face negra da lua.

Primeiro, não deixa de me espantar a quantidade absurda de associações, instituições, grupos mais ou menos formais de pessoas dedicadas à causa animal. Penso que tal se deverá também a um desinteresse das autarquias em tomar as rédeas desta função que é garantir o bem-estar animal, sendo que a questão dos animais errantes é, em primeira linha, uma questão que deveria ser tratada e apoiada pelo poder local. Felizmente não é o caso da minha freguesia (orgulho!) que está a tratar de ser pioneira neste assunto. Mas a realidade é a de dispersão de esforços e meios, o que não será muito produtivo em termos de resultado, adiante. A verdade é que são constantes os perfis com peditórios, apelos mais ou menos desesperados, e outras coisas, que é a cena encanitante seguinte.

Segundo, ele há pessoas muito dedicadas e altruístas, verdade, mas entre estas e paralelamente a estas a percentagem de malucos é considerável. Desculpinhas aos mais sensíveis, que eu cá também sou muito adepta da causa de bem-estar animal, mas há, no meio, gente que precisava, asap, de apoio psicológico. Ou uma vida. Sim senhora, muito carinho e mimo aos bichos; ok tudo bem, até somos vegetarianos ou vegan; mas fica um bocadinho mal a gente tão empática depois ter atitudes em relação ao ser humano que, ahém. Exemplo: animal maltratado, por gente obviamente desequilibrada ou simplesmente má, está mal, indigna, é chocante; mas não se deseja fazer o mesmo a dita gente. Um gajo ou é humanista ou não é. Ir para os murais que exibem bichos em estados lastimosos (e há animal lovers que se comprazem em, assiduamente, exibir tais exemplos gráficos de crueldade) destilar uma vontade de mal fazer aos perpetradores é ser igual a eles. Manifestar sentimentos de "matava-os a todos" é ser tão selvagem quanto eles. Afirmar à boca cheia que face a tais situações se perdeu a fé no ser humano, se não for uma declaração prévia ao suicídio de quem o diz, é só parvo.

Terceiro, e ainda dentro do grupo de animal-lovers que acham que as 'ssoas são todas más e podres porque há alguns a fazer mal a bichos, mas ainda assim não verbalizam desejos de tortura e morte horrenda a quem o faz, temos duas nuances: a) os que aproveitam, face a qualquer descrição de crueldade animal, seja de abandono ou mesmo mau trato físico, para dar o seu bom exemplo. "Ai que gente tão má, eu estive desempregado/a, doente, com caspa, a viver num barraco, e nunca faltou nada aos meus bichinhos". Que bom, são excelentes pessoas, pegai lá a medalhinha e ide pontificar para o raio que vos parta. Sabeis lá das circunstâncias dos outros. b) os que vêm exprimir tristeza, descontentamento, sentimentos mui extremos, normalmente pontuados por emojis, mas nunca fizeram um cu nem deram cinco tostões por causa alguma, humana ou animal. Adoram sofrer, por sentem muito, são muito sensíveis, e não param de o demonstrar alto e bom som a todo o mundo. como os que lêem notícias de desastres, choram muito, "ai coitadinhos, coitadinhos", e depois fecham o correio da manhã e vão à sua vida.
Enfim, dava para vários tratados.

Anyhoo, e continuando. Detectei e seleccionei várias instituições ou associações que me pareceram sérias, e restringi-me a essas. Vejo os respectivos anúncios, mas ainda me sentia relutante a avançar. Mas um dia avancei. Escrevi e-mail para o contacto indicado, onde me identifiquei, dei nº de contacto, expliquei a nossa situação e interesse em adopção, quiçá dupla; responderam-me de volta e telefonaram; marquei uma visita. E lá fomos, me mate e eu, visitar os três jovens que se encontravam na instituição (ao que parece haverá muitos mais em FAT, mas não me deram indicação de ter uma lista organizada com características, sequer; má política, adiante). E zás, gostámos de dois dos bichos. Gostámos é pouco. Falámos com a responsável presente, contei que tínhamos perdido uma gatinha já com 14 1/2 para insuficiência renal, iadaiada, conversa de circunstância, descrevo a casa e condições que temos, e fulana gela à menção de "varanda". Ah, têm uma varanda aberta! Eles fogem... Pois temos. E um pátio. Descrevo dita varanda e pátio, varanda essa vedada nos pontos mais sensíveis com sebe daquelas do leroy em pauzinhos, metro e meio (a nossa velhota odiava e tinha medo de outros gatos, era para os impedir de entrar mais que impedi-la de sair). O acesso à varanda, só quando estamos em casa; ao pátio só quando lá vamos. Varanda não dá para a rua, mas para zona de traseiras com logradouros (muito comum em Lisboa), não é alta, sequer. Mas ela ficou paralisada no "varanda", acho que nem ouviu mais nada, até esqueceu a parte da gata que viveu naquelas condições durante 13 anos, e nem morreu disso. Aproveitou (vide desabafos supra) para mencionar a sua varanda, devidamente marquisada, para que seus pupilos não fujam. Explico que no can do (sou membro fundador e, so far, sócia única da BAM!, Brigada Anti-Marquise). Ao menos uma rede. Nopes: varanda tem estendal exterior acoplado, não é exequível.

Antes de prosseguir: fogem é o caracinhas. Podem ir dar uma volta, controlada, aliás, mas fugir? Logo que um gato - obviamente esterilizado - se apanhe lá em casa, a comer do bom e do melhor, com mantas e caminhas à descrição, dois escravos totós, é o foges. 'Tá bem, abelha.

Prosseguindo, fomos chumbados. Parece que ter filhos e uma varanda, tudo bem; animais, é que não. Os bichinhos são para estar em casa, em segurança. E lá ficarão, claro, como os outros na casa da dita colaboradora, onde parece que já são mais que vinte, e não admira, com tanto fricote para lhes dar destino. Mas claro, muito melhor ter duas dezenas de bichos numa casa, com marquise, sem atenção personalizada, decerto sem as condições que lhes daríamos, que um ou dois chez nous, les palhacitos. É que assim depois podem ser as mártires abençoadas da causa animal, as que sacrificam higiene e bem-estar (próprio e dos vizinhos, que vinte gatos, um dia inteiro sozinhos, nem com dez caixas de areia deixa de cheirar), vida própria, liberdade, em prol dos queridos, queridos bichinhos, esses seres puros sem maldade, que humano nenhum lhes chega aos calcanhares para cuidar, lá todos acondicionadinhos a monte mas muito resguardadinhos, deunolibre de apanharem ar que ainda resfriam, melhor ser também uma casa sem electricidade que ainda se enforcam nos fios, ou os mordem e morrem esturricadinhos, ai jasus que ninguém é tão bom como eu, e depois venha daí um donativo que estamos soterrados de bichos para alimentar, vacinar, pipetar, wczar.

E pronto, para a semana vamos a um sítio sem tanta frescura, daqueles que sabem que não tarda vêm aí novas ninhadas que lhes vão largar à porta e já têm muito com que se coçar e nem um nico de espaço, um sítio onde - presumo e espero bem - sabem que quem cuida 14 anos não é de rejeitar, um abrigo pret-a-porter, de entra sem gato, sai com gato.
Quanto aos outros: ó pá, cresçam e façam-se, e entretanto forniquem-se.

Aditamento: me mate fez-me notar que a tal pessoa, afinal, terá dito que tem três gatos e não vinte e três. não sei qual de nós ouviu/entendeu mal, mas uma coisa é certa: já pude constatar haver pessoas que acolhem, à vontade, mais de uma dezena de gatos.

44 comentários:

  1. Eu sou um pouco a "doida da varanda", também:D, mas a situação descrita é ridícula. A varanda tem vedação, etc, etc. Há muita vigarice misturada com o fanatismo, também.

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    1. Anónima, eu percebo que se tenha receios, mas, na prática, é preciso saber distinguir as situações. Uma coisa é uma varanda num primeiro andar, outra uma varanda num 9º andar. Uma coisa é uma varanda num andar baixo, e que dá para uma zona de logradouro, outra uma varanda para rua. E, na prática, qual a diferença entre uma varanda (onde o bicho só vai quando os donos estão em casa) e uma janela inadvertidamente aberta? As nossas janelas viradas para a rua, por exemplo, são todas oscilo-batentes: escolhi assim para poder arejar sem que corresse o risco da bichita ir para o parapeito e saltar para rua.
      A vedação (caniçado com metro e meio) foi colocada em pontos de possível fuga ou entrada. Eu sei que um gato motivado a pode galgar. Mas caneco, tanta coisa pode acontecer. Também posso andar na rua muito descansada e cair-me um vaso na cabeça.

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    2. Percebo que se preocupem com as varandas, mas de modo nenhum que impeçam uma adopção com essa justificação. Devem achar que a alternativa é melhor (ficarem numa box fechados com mais 30 ou 40 à espera de um potencial adoptante sem varanda, que provavelmente não vai chegar.

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    3. Susana A., nem de propósito, acabo de ver anunciada como adopção urgente um dos gatos que visitámos na AZP, e pelo qual me mate se encantou (o bitxo é adorável, mega mimoso, meteu-se com ele e mal se abriu a jaula foi para o colo de me mate). Parece que o pequenito não tolera estar fechado na jaula, e como é felv ninguém lhe pega. Ora nós não tínhamos nenhum, e à partida o único risco de um felv é pegar a outros (nós cá nos adaptaríamos, era só avisar os vizinhos para vacinarem os deles). E é isto. Quando levámos os actuais para casa também não sabíamos se eram felv ou fiv positivos, não era por isso que os devolveríamos. Vieram da rua e não são nada fujões - só o Mulder foi à varanda, mas sempre debaixo de olho.

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  2. A experiência que tenho da Liga Protectora dos Animais, de cada vez que encontrei um gatinho abandonado (cria mesmo, com poucas semanas, encontra-se com uma facilidade avassaladora; cães, não...), é a da sua indisponibilidade para receber, do seu sacudir a água do capote.
    Essa gente que encontraste é abominável, inominável. Fornique-se, mesmo. E que não lhe saiba bem, já agora.

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    1. Linda, esta não é a mesma associação, é a azp, que por acaso tem vet, e que fez admissão e publicitação de duas gatas (as que fomos ver) que, duas semanas depois, passou a anunciar como gatos. engraçado, admitiram dois animais com cerca de seis meses e fizeram uma observação tão boa quem nem deram conta do sexo.

      Vou tentar ou casa dos animais, da Câmara, ou a UZ.

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  3. Credo... Que estupidez! É este tipo de malta e de atitudes que faz com que muitos rotulem de "maluquinhos" quem gosta de animais.
    Pessoas que tiveram uma gata durante 14 anos e a estimaram parecem-me donos mais que capazes, homéssa! Mas não... É melhor mantê-los numa instituição, quem sabe durante anos a fio que isso, sim, é qualidade de vida.
    Toda a minha vida adorei animais e tenho três gatos, quando andava na faculdade, tentei fazer parte de uma associação de defesa dos animais e... Não deu. Aquilo era pessoal demasiado chanfrado, desorganizado e irresponsável para o meu gosto. Vou ajudando como posso e quando quero mas associativismo... Dificilmente, me meto noutra.
    Abracinho, Izzie e espero que encontre os gatinhos que deseja. Tenho a certeza que serão bem cuidados. ;)
    Mari

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    1. Mari, o mundo das associações parece muito o mundo dos partidos: uma pessoa até tem vontade de fazer parte, naquela do voluntariado e participação cívica, e às tantas vê-se no meio de uma guerra de egos.
      Obrigada, e de certeza encontraremos bichinhos que encheremos de mimos e cuidados, para o resto da vida :)

      (se uma pessoa responsável por adopções não tem capacidade de deixar ir, sem pensar em todas as catástrofes que naturalmente podem acontecer, não se consegue nada. e nós, se formos a pensar em tudo o que possa correr mal, também não adoptaríamos...)

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  4. dois, que bom :)
    quando chegarem posso vê-los, posso? posso?

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    1. Vamos lá a ver, depende, a nossa ideia é que quem alimenta um alimenta dois, e ao menos têm companhia durante o dia. E nós passamos a minoria, porque já se sabe que gato tem voto de qualidade :P

      Claro que podes, que quem alinha em regabofes de festas é sempre bem-vindo

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  5. Quando comecei a ler o post pensei "ela disse que o gato ia ter acesso à rua". Essa sempre foi uma questão que me causou desconforto nos super-hiper-amigos-dos-animais, essa super protecção que me parece humanizar demasiado os animais (afinal, qual é o gato que não gosta pelo menos de vir cheirar a rua?). E depois a forma como põem quem come carne no mesmo nível de quem maltrata animais também tem o que se lhe diga.

    Mas também é verdade que se já sofriam dos nervos antes de se dedicarem à causa animal, não devem ficar melhores depois, porque é preciso ter estômago para aguentar com tudo o que se vê por aí.

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    1. Acesso tem, mas não é rua-rua, e é acesso controlado... A nossa besuga adorava ir apanhar o fresco ou solinho, e cheirar as flores. Só quando ficou mais velhota passou a evitar afastar-se muito de nós, cada vez tinha mais medo dos outros gatos.

      Eu percebo esses traumas todos, e há coisas horríveis em termos de maus tratos e abandono. Mas, mas. A verdade é que não se pode controlar tudo, e mesmo tendo todas as cautelas a adopção pode correr mal. Eu fui a terceira - e última! - "dona" da nossa biscas. E até hoje não percebo como pode alguém a ter devolvido, que a bicha tinha o seu feitio, que tinha, mas era mesmo muito doce.

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    2. Eu acho que é um excesso de zelo e já tinha tido essa conversa, em vão, com uma pessoa de uma associação-dos-animais. Tenho a mesma sensação que tive quando visitei o centro lobo (Mafra), em que sim senhor são mantidos seguros, mas depois são alimentados com carne cortada do talho enquanto que ao lado, com um muro a dividir, têm javali vivo da silva, mas que não podem comer, porque coitadinhos dos javalis, eram caçados e não sei quê (já não terão pena da vaca e do porco, são de outra casta). Mas depois a população de javali é "controlada" em períodos autorizados de caça, pelo bicho homem. Isso também já não lhes faz confusão. Às vezes as pessoas metem muito a mão em ecossistemas muito complexos, com a melhor das intenções, mas deixa-me sempre com a sensação de que há algo anti-natura nisto tudo e que devíamos era deixar as coisas serem como nasceram para ser (resumindo, gatos com acesso à rua e não fechados 24/7 em apartamentos).

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    3. Essa dos lobos... olha que caneco. Ao menos coelhos, afinal são um animal selvagem, não come de faca e garfo.

      E o pessoal das associações, não os entendo. Lá está, bata uma distração, uma fresta de janela aberta. Os bichos não são monos, há sempre risco. Se as pessoas forem sensatas, obviamente vão reduzir ao mínimo o risco. Quando adoptei a Amélie andei uns tempos a observar-lhe as manias, para ter a certeza que não roía fios ou tinha outro comportamento de risco. Foi tranquilo. E passamos férias num 7º andar, a casa só é arejada com estores descidos, não somos tolinhos. Mas, lá está, ainda assim há risco. Outra: como há gatos à solta na vizinhança, e não podemos garantir zero contactos (já nos entraram gatos em casa...), também está fora de hipótese adoptar ym gato filv ou felv.

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    4. A minha tem acesso à varanda e à janela da sala onde tem um varandim. Já perdi conta às pessoas que se afligem quando a vêem da rua, acham que ela vai cair, mas ela também é não é parva, sabe bem que dali cai. Se ela fosse muito nova e toina, não a deixaria e quando for muito mais velha, também não vou deixar. Mas acho que por agora, é de lhe dar aquele espaçinho, que ela adora. É uma maldade temo-los sempre fechados, ela adora cheirar a rua e apanhar sol. As probabilidades de boa vida que ela tem na minha casa, mesmo com as janelas, é infinitamente maior do que se vivesse na rua, de onde veio!

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    5. :) A minha ia sempre cheirar a rua. E os vasos, adorava fazer sestas na cadeira ao lado de um vaso de flores. E o ar desapontado quando chovia? Impagável.

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    6. E o ar de lady dela quando está uma ventania? "ah pois, isto tá bom mas não é para mim"

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    7. :D são todas umas senhoras donas!

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    8. A minha também não sai se está a chover, é phyna.

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    9. Esperem lá, a associação dos lobos é uma coisa, a Tapada de Mafra é outra. Os javalis não pertencem à associação, portanto, não é "deem para cá um javali". E confesso que eu, pessoalmente, se tivesse de morrer, preferia levar um tiro nos miolos do que ser perseguida e desmembrada por bichos selvagens. Ter animais em cativeiro para os proteger é complicado. Gostavam de ir ao zoo com as criancinhas e ver um veado vivo a ser caçado pelos grandes felinos? Se calhar dá menos pesadelos vê-los a comer bifinhos...
      Paula

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  6. Estou a imaginar o horror se dissesse que tenho um grande quintal onde os meus bichinhos andam à vontade, a gata então, é vê-la a definhar de infelicidade por poder subir às árvores e caçar lagartixas e assim. Curiosamente, não foge. E assim que chego a casa e abro a porta para o quintal aí está ela à minha espera.

    p.s. não sei se te lembras das discussões e dos conselhos bem intencionados de quem me dizia para não deixar a bicha sair à rua, que podia fugir e não sei quê, pouco tempo depois de, literalmente, a ter encontrado debaixo do caixote do lixo. É que se compreendo que quem viva em apartamentos tenha de ter os bichos fechados em casa, parece-me doença mental a quem tenha casas com espaço exterior. Prefiro um bicho que possa saborear a liberdade, sabendo que ten casa e comida assegurados, mesmo correndo o risco de que fuja, do que torturar o animal deixando-o a ver o jardim pela janela sem poder sair.

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    1. Luna, tu cala-te, sua negligente, c'a tua bicha tem um ar infeliz que só visto :D Se está vacinada e esterilizada, o risco diminui imenso. E ela tem um cão de guarda privado e tudo ;)
      E depois tudo depende do animal que se tem e sua personalidade: se ela fosse totó, desorientada, ou maluca de todo, de certeza tinhas outros cuidados. A minha não era nada parva, e já na anterior casa tinha um terraço. Quando era mais nova tivemos algumas discussões sobre a hora de recolher, mas pronto, quem mandava era eu. E também fazia controlo de osgas.

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    2. A sacana ontem resolveu ir dar uma volta nocturna e nunca mais voltava, uma pessoa a chamar a chamar, e ela a ignorar, o tempo a passar, uma pessoa a querer ir-se deitar, e a certa altura fechámos a porta e fomos para a cama, que era para ela aprender. Então não é que o cão não sossegou e não parou de ladrar enquanto não nos levantámos e fomos abrir a porta outra vez para a madama entrar?
      A verdade é que a gata não sai daqui, anda pelos telhados, por cima dos muros, pelas árvores, mas não sai aqui do perímetro territorial dela e onde se sente segura.

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    3. A minha também não saía da sua zona de conforto. Pudera, onde está a paparoca, as caminhas e mantinhas é que é.

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  7. Jasus nos livre, pobre Kika Maria, não sei como nunca foi a brigada de protecção animal salvar a bicha de minha casa :(

    Há uns bons anos, nem veterinário havia na santa terrinha, esteve às portas da morte porque lá pensou que tinha asas e que era uma boa ideia saltar da janela da cozinha. De um 3º andar. A menina tinha acesso livre a toda a casa, não tinha grande apetite pela janela (até porque a janela nem tinha peitoril, não havia para onde ela subir), mas deu-lhe qualquer macacoa naquele dia que pronto, basicamente atravessou a cozinha a correr e subiu para a janela, onde não se conseguiu segurar e passou para o outro lado. Uma aflição, uma tala caseira feita com canas para endireitar uma pata meio pendurada, eu pequena a chorar baba e ranho porque a bichinha mal se mexia, o cão de volta dela, todo um drama.

    Sobreviveu mais uma década e tal. E a pata ficou impecável.

    Mais tarde mudámos de casa e a nova casa tinha varandas. Deixámos-lhe (a ela e ao cão) acesso a uma apenas e vedámo-la. Mas ela trepava pela vedação acima e gostava de se deitar em cima da grade a apanhar sol. Nada de estranho, não fosse um 4º andar. A primeira vez que vi congelei, a 2ª vez que vi tentei tirá-la de lá, mas ela gostava tanto de ir para a varanda e vá, subia devagarinho e tal (não se atirava) que acabámos por deixá-la ir... Fiz uma avaliação à bicha, pareceu-me que as tendências suicidas estavam claramente controladas, era uma paz de gata, e pronto, enquanto conseguiu trepar a rede lá ia ela apanhar sol. Os vizinhos a morrer de pânico que caísse (sempre que tive vizinhos novos já sabia que alguém me ia tocar à campainha "olhe a sua gata na ponta da varanda!!!!!!!"), a bicha relaxadíssima deitada em cima da grade com os olhinhos fechados do prazer do sol no lombo e eu, bem, deixá-la ser feliz...

    Durou 16 aninhos e morreu daquelas complicações derivadas da velhice. O Snoopy durou 17 (ressentiu-se um bocadinho sem ela, coitado). E eu acho mesmo que foram felizes e bem tratados.

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    1. Red, há gatos com muita capacidade de desenrasque, equilíbrio e autonomia. A minha não se empoleirava em sítios potencialmente perigosos, mas circulava na "sua" área sem problemas. Só mais velhota é que começou a ficar mais medricas. Mas lá está, uma pessoa responsável observa e avalia o gato que tem, e depois age em conformidade.

      Uma queda é evitável? claro que sim, tudo é evitável, e tudo é não evitável. Shit happens, é a vida. Também há quem só passeie o cão à trela e aconteça o bicho fugir, né?

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  8. Essa situação é tão, mas tão ridícula, que nem há comentário possível.
    A situação das varandas é um pau de dois bicos - e falo das altas, não da tua. É verdade que volta e meia há gatos que caem (terror tenho eu disso e moro num primeiro andar, a minha sorte é que o meu é tão, mas tão medricas que tem medo de ir à varanda, prefere ficar a apanhar sol à porta) mas a grande maioria safa-se à grande e adora andar a fazer equilibrismo. A mistura entre proteger um animal e transformá-lo num infeliz ser de porcelana que se pode partir começa a ser ridícula. Mas sou só eu que me habituei a ver gatos a correr em cima dos telhados e a saltar de alturas ridículas?
    Por outro lado há dois bichanos por aí a quem saiu a sorte grande. A esse saiu-lhe a fava.

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    1. Patrícia, é um pau de dois bicos e respeito a preocupação legítima de quem de direito. O que não percebo é a total negação da natureza dos bichos, o fazer uma tragédia de algo que, na prática, pode não ser assim tão complicado de gerir, ou nem representar um risco por aí além.
      E depois há algo que me chateia supinamente, a atitude de superioridade moral e desdém por quem não pensa da mesma forma, e é logo arrumado na prateleira de dono negligente. Um dos tipos de malucos dos animais que se topa muito por aí são aqueles que vão deixar o seu sermão em anúncios de bichos desaparecidos...

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  9. Quando a minha primeira gata morreu de insuficiência renal, quis logo fazer análises aos outros, mas claro que isso era alarmismo, não podemos prever e evitar todas as doenças deles.
    Acho que fazem muito bem em adoptarem logo dois, para evitar que um se arme em dono do pedaço mais tarde e é divertidíssimo vê-los a interagir. Eu dou preferência a fêmeas porque é menos uma na rua a ter ninhadas, mas em 20 anos, já tive ambos.
    Em relação às quedas, nem mais a propósito: ainda este fds encontrei um gato caído de uma marquise, que eu felizmente conhecia de o ver à janela. Eu tenho sempre as janelas fechadas ou os estores corridos e já evitei várias mortes macacas ou acidentes estúpidos aos meus dentro de casa, por isso...
    Mas também percebo o outro lado, porque também já fui "família de acolhimento" de vários, e o nosso coração vai apertadinho quando os deixamos ir!
    Paula

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    1. Paula, eu entendo, juro que entendo. Mas é preciso deixar ir, ou as pessoas simplesmente viram costas às associações. E compram, porque, sinceramente, mais vale largar umas centenas de euros que ser enxovalhado. Eu cá é que sou teimosa como um burro, e recuso comprar gatos. Mas vejamos: tomei a decisão de adoptar em instituição, porque quero contribuir adoptando um bicho recolhido em situação de abandono, e não incentivar uma situação de criadeiros ou quem tenha bichos não esterilizados e despacha ninhadas, sabe-se lá tidas como. Agora se me chateiam muito, adeus. Não tenho vocação para santa, nem para aturar pessoas sem noção e que se acham, elas sim, santas.

      Vou dar um exemplo muito prático: no site da UZ dizem preto no branco que se adoptar e não houver adaptação, para devolver que a UZ recolhe, mas por favor não se abandone. Muito bem, é assim mesmo, a CAL adverte do mesmo. No entanto, não é raro aparecer na timeline da UZ posts sobre bichos devolvidos, com inúmeras considerações. E depois há os comentários a condizer, a chamar de tudo a quem devolveu. Uma pessoa normal que veja isto perde logo a vontade de ir adoptar à UZ, porque se alguma coisa corre mal, e toma a decisão de voltar atrás - até pelo bem do bicho - fica sujeita a isto. Eles não identificam as pessoas, mas dói à mesma. E é isto que acho que é ser sem noção: muito provavelmente acham que estão a ser muito bons e alertar e tal, mas estão a prejudicar a sua causa. E quando são muito contundentes com possíveis adoptantes fazem o mesmo. Há uma "associação" que tem um questionário online com perguntas que podem ser... estúpidas. Em vez de se esclarecer a pessoa sobre as despesas inerentes a um animal, perguntam logo quanto estimamos gastar anualmente. Eu tive uma 14 anos e não faço ideia, porque nunca fiz contas. Ora se ponho um valor que achem baixo, às tantas chumbam-me por entender que vou alimentá-la a raspas e nunca porá os pés no vet. Em vez disso, falavam com as pessoas e esclareciam, em vez de chegar logo de facas apontadas.

      A minha também morreu de insuficiência renal, em dois meses desde que notámos que algo estava mal. A culpa foi terrível, o rever mil vezes se me tinha escapado algo. Mas a certo ponto temos de deixar ir. É muito triste, sentir que não conseguimos valer-lhe. Me mate diz que ela decidiu ir, e teimosona como era, já me custa menos acreditar.

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  10. Como todos os meus gatos vieram diretamente da rua, não sabia que adoptar se tinha tornado num processo tão pidesco.
    De certeza que vais arranjar uns novos hóspedes muito em breve, senão, vê nos vets da tua zona. Alguns têm página de Facebook e placards com essas informações, coisas mais caseiras.
    Depois, quero fotos, please!
    Paula

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    1. Na minha zona já não se vê (ou antes, eu não vejo, há anos) gatos de rua, e ainda bem. Já tinha pensado nisso do vet, às tantas ainda vamos às nossas.
      E sim, haverá fotos :)

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  11. Aconteceu exactamente o mesmo, com a agravante que ia com o bicho para França, resultado eu e o marido a dizer que a bicha escolhida nem era muito assustadiça, que em 1/2 meses estava a dar a mão. Qual não, que era super assustadiça, que deixávamos ir à rua (aqui em França é normal e até aconselham), que a bicha era muito assustadiça (e nós a ver a curiosidade de nós espreitar), resultado, a menos duma semana​ de voltarmos ficamos sem gato.

    Isto em Lisboa, viemos para a terra e a pouco kms achámos uma associação com um apartamento cheio de gatos (só gatos) e escolhemos a nossa menina (18 meses) entre mais de 50 gatos. Nunca tinha estado a viver em casa com família, em 3 meses um amor.

    O melhor, em Lisboa diziam que os gatos estavam em fat, afinal estavam sozinhos num apartamento vazio, isso não é fat...

    Aconselho vivamente esta associação (animais adultos esterilizados, nós colocamos o chip e demos as vacinas)

    https://www.facebook.com/APAMG-Associa%C3%A7%C3%A3o-Protectora-Animais-Marinha-Grande-110441502304808/

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    1. Isso do ser assustadiça é muuuuito relativo. Depois de uns tempos numa casa, com uma família que lhes dê boa caminha, boa comida, estímulo e carinho mudam logo. Os gatos precisam de se sentir em casa, seguros, acarinhados.
      Ainda bem que conseguiram. A Marinha Grande fica-me um bocado fora de mão, mas confesso que já andei a espiolhar associações fora da cidade, mas na grande Lisboa.

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    2. Ah. E a agravante maior. Disseram nos que não nos davam a gata 10 minutos antes da hora marcada para a irmos buscar. 5 pessoas dentro do carro, 3 delas crianças super entusiasmadas porque o Topaze ia ter uma namorada, estacionados à porta do prédio. Envio mensagem que estávamos lá, respondem que podemos ir embora que não nos davam a gata.
      Ia me dando uma coisa, 3 semanas de mensagens online, visita à bicha dois dias antes, tudo OK. Compra nos caixa/arnês/trela/brinquedos, vamos para ir buscar a gata respondem isso.

      Ainda tiveram o descaramento de dizer que as estávamos a apressar.

      Menos de duas semanas em Portugal, 4 dias em Lisboa, é normal que queríamos rapidez.

      Mas a maior parte disse logo não assim que disse que era para ir para França. Quis dar uma morada em Lisboa, testemunhas abonatórias, foi logo não

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    3. Epá, muito mau :/ Imagino o desapontamento dos pequenos. Se nós, adultos, já nos apegamos e começamos a criar laços e expectativas, os miúdos, então... Tadinhos!
      Falta de tino dessa gente.

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    4. Esses da Marinha Grande fui logo sincera, há a possibilidade de tratar tudo por telefone/online e no dia em que for ver os gatos e escolher trazer logo? No dia a seguir vou levar logo ao veterinário, quer que envie comprovativo?
      Assim foi, sem miúdos, fomos lá (a única coisa má o cheiro, poucos voluntários, só às 14 tinham alguém para despejar os wc, foi a pessoa que nos atendeu), vimos praí umas 10 que eram o que a gente queria (fêmea pequeno porte, ainda fiz olhos de gato das botas ao marido mas não convenci a trazer dois em vez de uma, ficaríamos com 3), depois foi tipo andolitá, e ficar com o coração apertadinho dos que ficaram para trás.

      Coloquei a na caixa, fez 25 km na boa, chegou a casa coloquei logo o arnês, lavei a com toalhitas, dia seguinte chip/vacinas/passaporte (devíamos esperar um mês mas paciência), dois dias depois a caminho de França. Bem mais de 1800kms, uma assistência em viagem, dois hotéis, dois táxis, dois carros diferentes, mais um cão é um gato até aí desconhecidos.
      A única chatice foi no segundo hotel em que se colocou debaixo da cama e não saía, cama presa ao chão com chave, teve que vir uma senhora da recepção levantar a cama.

      Chegou a casa (França) banho de chuveiro, novas vacinas, tudo tudo. Adora dormir com a gente, subir para cima dos armários e bufar ao cão.

      Mandei fotos e vídeos para a associação e pronto

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  12. Chanfrados à parte vamos ao que importa: já tens peludinhos?? São tantos os comentários que não consegui ler tudo para descobrir a resposta. :)

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    1. Ainda não, Aenima, mas está em curso uma situação, fingers crossed!

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  13. Caso não se concretize, eles por aqui vão tendo para adoptar, e sempre fica tudo em casa por assim dizer

    https://www.facebook.com/MEGEALx/?pnref=lhc

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    1. Ena, anónimo/a, não se esqueça de jogar no euromilhões que tem jeitinho para adivinhar ;)

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  14. dava jeito dava :) mas até agora nada
    ainda bem que está tudo encaminhado

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    1. Por nós, sim. A menos que haja algum imprevisto (ou o bicho nos odeie), a coisa vai :)

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