quinta-feira, 9 de março de 2017

E agora, algo completamente diferente

Não entendo, aliás repudio o conceito de brunch. Gente que não acorda esgalgada de fome e não trata de se alimentar logo de manhã - depois do duche e se vestir, há mínimos, e outra coisa que não entendo e repudio veementemente é o pijaminha o dia todo - não é gente boa. E isto pode suceder às sete, nove, dez, onze, meio dia: não começar a jornada com piquen'almoço não é coisa de gente de bem. Pode ser continental ou inglês, mas é pique'almoço, não me lixem, não um tertium genus entre piquen'almoço e almoço. Não. Se depois não têm fome para almoçar, sejam crescidos e assumam, mas não abstardem nem amalgamem refeições. Dois em um é coisa de champô rasca e gente preguiçosa. Acordar tarde, não fazer desjejum, sair de casa para sítio mais ou menos chique onde se toma um piquen'almoço arraçado de almoço é já coisa de gente filha do demo.

Dito isto, e estabelecido que fica que pessoas que não acreditam em piquen'almoço não são bem pessoas, tenho de confessar que sou a favor e pratico muito aquele conceito que os amigos anglófonos chamam de breakfast for dinner. E alerto: porquê a discriminação, porquê ostracizar os adeptos desta modalidade? Porque não temos direito a nomenclatura própria, fuffets especializados em locais féchion, notação e divulgação em blogs de laife-staile?

Inicio, portanto, o movimento brinner - petit nom que sugiro para breakfast for dinner. Uma vez por semana, ao menos, celebrem a vida bonita jantando uma taçorra de gelado com canudinhos de bolacha baunilha. Uma tosta mista com cola zero. Pão e queijo. Bolo. Para os lacto-tolerantes, uma tigelinha de cereais; para os valentes que depois de um dia de trabalho têm força para fogãozices, panquecas. Saquem do telemóvel e instagramem estes momentos de puro deleite e savoir vivre. De loucura, de transgressão. Vivam no limite, assumam o risco. Ou isso, ou parem de ficar de olhos esbugalhados e de dar voz a reprimendas quando respondo com verdade, sem medo, com ousadia, à pergunta "'tão o que é que jantaste".

17 comentários:

  1. eh pá, ias apanhar uma carga de nervos se vivesses comigo.

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    1. Wallis, filha, actualmente ando a tratar da reeducação alimentar e piquen'almoçal de um certo sujeito, ópois quando tiver vaga para ti conversamos :D

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  2. Aqui em casa estava instaurado o jantar de crepes todos os sábados, conta? Era à vontade do freguês: crepe com Nutella, crepe com mel e canela, crepe com queijo e fiambre, crepe com o-que-houvesse-no-frigorífico.

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    1. Ohhh, jantar de crepes! Se não fosse uma calona de primeira, que normalmente chega a casa e só sonha em aterrar no sofá, era já.

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  3. Pijama o dia todo é intolerável. Nem nos meus dias mais negros deixei de vestir uma amostra de roupa de rua. Já quanto aos jantares, para mim nunca deu comer só cereais, só tenho fome de noite. E na província não há brunch, sou espiritualmente pobre.

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    1. Sãozinha, eu tenho aquela regra de não entrar na cama com roupa de fora, e não andar fora com roupa de cama. Tenho a roupinha de trazer por casa, sim senhora, mas nada de confusões

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  4. A questão essencial aqui é:
    "No fim, não sei se almocei mal ou se tomei pequeno-almoço a mais. Sou um pisco ou um alarve? Tenho fome ou estou enfartado?"
    ( http://visao.sapo.pt/opiniao/ricardo-araujo-pereira/2016-04-28-Restauracao-esquisita )

    Confesso que, nunca tendo ido a nenhum, sou claramente uma teórica fã do brunch. Aliás, tendo a aplicá-lo em casa, porque não consigo chamar pequeno-almoço a uns ovos benedict com bacon. O que é que é pior: acordar tarde (yei!) cheia de fome, tomar o pequeno-almoço tarde e almoçar a horas de lanche OOOOOOU acordar tarde (yei!) cheia de fome e ir ali logo encher o bandulho começando a acamar com coisinhas de pequeno-almoço e acabando em folhadinhos e croquetes e feijão com arroz? (Estou claramente a exagerar, não consigo comer feijão com arroz assim logo ao acordar. E também não lhe chamo brunch, se é a primeira refeição é sempre pequeno-almoço mesmo que seja uma alheira às 3 da tarde.)

    Não entendo a aversão ao brunch que não seja pelo estrangeirismo do nome e pelos preços superiores aos de almoço até porque há já muitojimuitos anos que cá temos essa mítica figura que é: o lanche ajantarado. Ora se podemos ter um lanche ajantarado (já vóvó dizia daqueles dias em que às 19h lanchávamos pão com chouriço e queijo e café de cafeteira e bolo e acamávamos com um caldinho verde ou assim), porque não podemos ter um pequeno-almoço almoçarado?

    Posto esta séria reflexão, estou perfeitamente de acordo com o teu conceito de brinner, que ponho regularmente em prática ao jantar taças de cereais ou torradas com cappuccino. Influências de bons tempos em que ficava aos cuidados do meu irmão e à pergunta "o que é que queres jantar?" a minha resposta era invariavelmente "chocapic!" (coisa que os meus pais nunca compreenderam, pois claro, lá conhecem eles o encanto de uma taçada de chocapic enquanto se vê o jornal da noite.)

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    1. Lanche ajantarado, sim senhora, sou a favor, porque é essencialmente um lanche. E a horas de lanche o estrômbago já está mais apto a enfardar coisas pesadas. Mas de manhã? Não. E comer brunch às duas da tarde não é brunch, é almoço :P

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  5. P.S.: e também sou fã de pijama o dia todo, oh Deus, não me vais bloquear, pois não? :O

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    1. Red, está visto, vou ter de abrir um campo de reeducação, tu e a Wallis vão ser as primeiras freguesas :P

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  6. Já jantei chocolates, janto muitas vezes cereais, tostas e afins. Esta é a parte boa de ser adulto. Movimento #ninguemmandaemmim

    (aquela canção do "diz-me diante dela", que está uns posts atrás... aquela cação... snifff... vou andar com aquilo na cabeça o dia todo ora vou?)

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    1. Isso mesmo, Rita! Ninguém manda em mim, eu faço o qu'eu quero! Pelo menos até vir o resultados das análises ao coleterol P

      (é bem possível, eu ando muitas vezes com aquilo na cabeça)

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  7. E o feliz que sou por ter um marido adepto do Brinner?
    Já o pijama... bem, digamos que um dia que seja internada no hospital alguém tem que me ir comprar um pijama a correr, a ver se não faço figuras tristes (mas ainda não tenho aquela idade em que tenho um pijama novo para as emergências) porque na verdade durmo de t-shirt (não a que levo para a rua) e se estiver muito frio leggins (mais uma vez não as levo à rua, até porque tenho espelho em casa) e não há coisa que goste mais que levantar-me de manhã, tomar banho e enfiar roupa de andar por casa o dia todo (melhor coisa de trabalhar em casa é fazer isso mesmo).
    Brinner, for ever.

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    1. Existe agora uma modernice que é chamar aos pijamas loung wear, tipo, durma e ande por casa com isto. Me mate adere, eu revolto-me e tento reeducá-lo, o bandido, que não acredita também em pequenos almoços. Mas lá brinner, ó pá, somos dois!

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    2. O meu marido tem um pijama para andar por casa já que dorme nu.pode ser ou tenho que lhe arranjar outra vestimenta?

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  8. para mim o brunch é uma refeição de lanches e pequenos e eu gosto de tudo o que se come no brunch. e agora com os enjoos, que não me entra quase nada sem frete, a ideia de viver de brunch não é nada má.

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    1. Huumm, passar o dia em lanchinhos, isso agrada-me. Ovos mexidos, sushi e salmão dispenso, o resto pode ser. Lambona.

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